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A violência contra a mulher continua a ser um grave problema no Brasil, com diversas formas de abuso que afetam milhões de mulheres em todo o país. De acordo com Isabela de Oliveira, advogada especializada em direito internacional, os tipos de violência são variados e muitas vezes silenciosos no cotidiano das vítimas.
“A violência contra a mulher no Brasil assume diversas formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Infelizmente, muitas dessas violências se manifestam de maneira silenciosa no cotidiano. A violência psicológica, por exemplo, aparece em humilhações constantes, controle de comportamentos e isolamento social. São atitudes muitas vezes naturalizadas no ambiente doméstico”, explica Dra. Isabela.
Além da violência física e sexual, que apesar de visíveis ainda são subnotificadas por medo ou vergonha, Helena aponta a violência patrimonial como uma das mais frequentes, especialmente em situações onde a mulher é impedida de trabalhar ou tem seus bens controlados. “Essas violências atravessam todas as classes sociais e reforçam desigualdades de gênero que persistem historicamente”, ressalta.
A violência contra a mulher está profundamente enraizada em fatores culturais e sociais. A cultura patriarcal e o machismo estrutural são apontados por especialistas como principais pilares que sustentam o problema. “Crescemos em uma sociedade onde ainda se normaliza o controle sobre o corpo e as decisões das mulheres, e onde o poder masculino muitas vezes é reforçado como sinal de autoridade”, explica a advogada. Além disso, a naturalização do sofrimento feminino, a ideia de que “mulher forte aguenta tudo”, também contribui para o silêncio das vítimas e para a perpetuação dessa violência.
Nos últimos anos, o Brasil avançou na criação de legislações importantes, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, que estabeleceram marcos para o combate à violência doméstica e familiar. A expansão das Delegacias da Mulher e a criação de centros de atendimento especializado também são iniciativas positivas, mas, segundo Helena, ainda há muito a ser feito. “As políticas públicas precisam ser mais efetivas, especialmente nas regiões mais vulneráveis e no interior do país. Faltam investimentos em prevenção, capacitação de profissionais e, principalmente, em políticas de acolhimento e reconstrução da autonomia das vítimas, como moradia, trabalho e suporte psicológico.”
Buscar ajuda é um passo crucial, mas muitas mulheres enfrentam dificuldades para dar esse passo devido ao medo da retaliação. Para Dra. Isabela, é importante que as vítimas saibam que há recursos disponíveis. “Elas podem recorrer às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, ao Disque 180 ou a serviços de apoio psicossocial e jurídico gratuitos. Também é essencial falar com alguém de confiança, como um amigo, familiar ou profissional de saúde”, orienta.
Para garantir que as mulheres se sintam seguras ao denunciar seus agressores, os serviços de acolhimento devem estar preparados para oferecer proteção imediata, como a solicitação de medida protetiva e abrigamento. “O mais importante é lembrar: a mulher nunca está sozinha. Há caminhos possíveis para sair da violência com dignidade e apoio”, finaliza a advogada.