“Mesmo com a melhora clínica e a condição de sair do Hospital, o paciente, muitas vezes, ainda precisa de suporte antes de retornar à sua rotina. Por ter um perfil de transição hospitalar, a Casa de Cuidados é o espaço apropriado para realizar esse processo de desospitalização ”, explica o secretário executivo de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional da Sesa, Lauro Perdigão.
Titular da Seade, Lauro Perdigão, explica que a iniciativa amplia a capacidade do Hospital São José (Foto: Diego Sombra)
O gestor também destaca que a iniciativa será fundamental para otimizar a assistência do HSJ, unidade de referência para a hospitalização de pessoas com tuberculose. “A abertura dos leitos na Casa de Cuidados possibilita que a capacidade do Hospital seja ampliada para atender quem realmente necessita de internação. Portanto, o HSJ, que é uma unidade terciária, terá mais espaço para receber pacientes com maior complexidade”.
Magno Cavalcante, 34, foi um dos primeiros pacientes com tuberculose encaminhados pelo HSJ à Casa. Ele ficou encantado com o espaço do serviço. “Gosto muito de apreciar a área verde que vejo pela janela. Aqui tenho outras opções de entretenimento, como assistir à TV. Também gosto muito das refeições proporcionadas”, disse.
Magno Cavalcante foi um dos primeiros pacientes com tuberculose encaminhados pelo HSJ à Casa de Cuidados (Foto: Márcia Catunda)
A transferência de Magno ocorreu após mais de vinte dias de internação no São José. “Eu sentia um cansaço extremo, falta de ar, dava dois passos e já cansava. Fiz vários exames no HSJ e logo fiquei internado”. Em fase final do tratamento, o paciente já faz planos para quando retornar à rotina fora da Casa de Cuidados. “Quando receber alta, quero mudar hábitos da minha vida para ser mais saudável. Leio a Bíblia diariamente e peço a Deus direcionamento nessa tomada de decisões e fortalecimento da minha saúde”, diz.
Estrutura de atendimento
O atendimento aos pacientes com tuberculose na Casa de Cuidados é realizado em uma área de acesso restrito. O serviço conta com uma equipe multiprofissional, que inclui médico infectologista, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.
“Muitos desses pacientes têm indicação de reabilitação nutricional, motora e respiratória e, durante a permanência na Casa, eles serão acompanhados pela equipe multidisciplinar com o objetivo de melhorar o estado de saúde”, explica a diretora da CCC, Ursula Wille Campos.
A enfermeira da Casa e especialista em Infectologia, Renata Maia, destaca que a atuação multiprofissional também tem como foco a educação em saúde e a sensibilização dos pacientes para a reinserção no convívio social. “O trabalho da equipe visa à diminuição dos riscos para o paciente e para a sociedade, além da possibilidade de reabilitação física, nutricional, entre outros aspectos, colaborando para o sucesso do tratamento”.
Ainda de acordo com a profissional, o serviço implementou ações voltadas à segurança dos pacientes. “Diversas medidas estão sendo adotadas, como biossegurança e precauções, cuidados com uso de máscaras, administração correta de medicamentos para tuberculose, com atenção redobrada para dosagem, por exemplo”, explica.
Entenda a doença
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. O problema atinge prioritariamente os pulmões, mas pode afetar outros órgãos do corpo, como rins, ossos, olhos, pleura e meninges.
O contágio ocorre por via respiratória, quando a pessoa infectada libera pequenas gotículas contendo a bactéria no ambiente. Os principais sintomas são tosse por mais de três semanas, produção de catarro, febre (mais comum ao entardecer), suores noturnos, cansaço, dor no peito, falta de apetite e emagrecimento. O diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento seja iniciado o quanto antes, a fim de interromper a transmissão e evitar a resistência aos medicamentos.