Porta-voz das tradições, valores do sertão e do povo excluído de seu tempo, o cearense Antônio Gonçalves da Silva (1909- 2002) entrou para a história como um dos maiores nomes da poesia no Brasil. Imortalizado como o Patativa do Assaré, foi também cantador, repentista, compositor e prossegue como referência da cultura popular e tradicional no Estado do Ceará.
Nesta terça-feira (5), o poeta estaria completando 115 anos. Para celebrar esta memória, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) realiza a exposição “Patativa do Assaré: o homem e o pássaro”. O equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar, reúne 45 peças do acervo e traz ao público um especial encontro com as obras de Patativa, bem como autores e autoras que o estudaram.
Ao chegar na BECE, os visitantes podem apreciar as publicações no setor de “Coleção Ceará”. O acervo reunido é composto de poemas, cordéis, biografia, coletâneas e publicações acadêmicas. São títulos como “Cante lá que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino” (1978), “Patativa em sol maior: treze ensaios sobre o poeta pássaro” (2009) e “O melhor do Patativa do Assaré” (2020), lançado pela Secult Ceará e organizado pela referência nacional nos estudos de cultura popular do Ceará, o professor, pesquisador e comunicador Gilmar de Carvalho (1949-2021).
Com curadoria de Ana Karine Garcia, Regina Célia, Vitoria Santiago, Rômulo Benevides e Nataniel Moreira, a mostra destaca a importância do artista cearense que obteve popularidade nacional e internacionalmente, marcando significativamente a história e a trajetória da cultura popular brasileira.
O homem e o pássaro
Patativa do Assaré distinguiu-se como uma voz autêntica do sertão nordestino, capturando os desafios, a cultura e a realidade do povo dessa região. Seu trabalho inclui de versos improvisados até composições e cordéis, uma obra que lhe conferiu reconhecimento nacional e internacional, fazendo dele um dos principais representantes da literatura de cordel e da cultura popular brasileira. “A Triste Partida”, seu poema mais emblemático, foi imortalizado na música de Luiz Gonzaga (1912-1989), na qual retrata a realidade dos migrantes nordestinos.
“Patativa do Assaré é o maior representante da poesia popular no país. Por meio dele, vários outros artistas tiveram seu primeiro contato com a literatura e puderam desenvolver seus trabalhos”, destaca Jéssica Chuab, da Coordenadoria de Patrimônio Cultural e Memória (Copam) da Secult Ceará.
Segundo a bibliotecária responsável pelo setor Coleção Ceará, Regina Célia, a importância de Patativa atravessa fronteiras. “Ele obteve popularidade nacional e internacionalmente, marcando significativamente a história e a trajetória da cultura popular no Ceará”, contextualiza.
“Comenda Patativa do Assaré”
Atualmente, a Secretaria de Cultura do Ceará concede a “Comenda Patativa do Assaré” que, a partir da Lei Estadual n.º 16.511, de 12 de março de 2018, reconhece personalidades, artistas, poetas, cantadores e pesquisadores que tenham prestado ou prestem notórios serviços em prol do desenvolvimento da cultura popular e tradicional no Estado do Ceará.
Em 2023, a Comenda Patativa do Assaré 2022 agraciou Mestra Dina Martins (Canindé), Alemberg Quindins (Nova Olinda), Dim Brinquedim (Pindoretama), Mestra Ana (Ana Maria da Conceição, de Tianguá) e Carlos Gomide (Babau), de Juazeiro do Norte.
“A Copam gerencia a política de Tesouros Vivos do Estado do Ceará, que conta com mestres e mestras poetas e violeiros diretamente influenciados por Patativa. Por essa razão, entendemos que seu legado continuará vivo por muitas gerações vindouras”, finaliza Jéssica Chuab.
Serviço
Abertura da Exposição “Patativa do Assaré: o homem e o pássaro”,
Nesta terça-feira (5/03), às 16h, na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Avenida Presidente Castelo Branco, 255 – Fortaleza (CE) – Praia de Iracema)
Entrada Gratuita.