No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), um novo tipo de serviço foi implantado e vem ganhando destaque: um ambulatório focado exclusivamente no atendimento de autistas adultos. “À medida que a compreensão do autismo evolui, surge a necessidade de serviços especializados para pessoas com o transtorno. Essas instalações preenchem uma lacuna na prestação de cuidados, permitindo uma vida mais independente e gratificante para os pacientes”, explica o coordenador do Serviço Ambulatorial do HSM, Wesley Ramos.
O ambulatório iniciou os atendimentos em fevereiro deste ano. O primeiro paciente atendido foi o auxiliar de produção L.E.S, de 34 anos, que foi encaminhado para o serviço especializado. “Eu busquei o atendimento quando senti muita dificuldade de aprendizagem no curso técnico que estou fazendo, além de baixa memorização e dificuldade de socialização. Aqui no hospital foi confirmado o diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) e venho recebendo acompanhamento especializado com psiquiatra e psicólogo. Já sinto uma melhora em vários aspectos da minha vida. Acredito que vou conseguir viver com mais qualidade de vida com esse acompanhamento”, declara.
Com profissionais especializados em autismo, incluindo psicólogos e psiquiatras, o ambulatório é pioneiro no estado do Ceará, em nível hospitalar, e tem como principal objetivo acompanhar o paciente com o transtorno. “A intenção do ambulatório é dar o diagnóstico correto e fazer o acompanhamento do paciente junto a um grupo terapêutico para treinamento de habilidades sociais. Vamos acompanhar o paciente durante um ano e depois encaminhá-lo para a Rede de Atenção Psicossocial (Raps). Durante esse processo, as comorbidades que os pacientes apresentarem também serão tratadas”, esclarece a psiquiatra Denise Evangelista.
Pacientes recebem terapia especializada com grupo de profissionais do HSM
Os especialistas explicam que o ambulatório de autismo para adultos do HSM surge com uma proposta essencial na oferta de serviços adaptados às necessidades específicas dessa população. Com esse atendimento, os pacientes terão a oportunidade de melhorar a qualidade das relações sociais, lidando melhor com seus pares e compreendendo situações que possam causar ansiedade ou tristeza por não sentirem pertencentes ao meio.
“Quando fazemos o diagnóstico na pessoa adulta, buscamos intervir nas situações que estejam causando prejuízos na vida dela. Não há um diagnóstico se não há prejuízo. Se a pessoa vem buscar um diagnóstico é porque houve algo negativo na vida dela de alguma forma. Então, a gente quer contribuir com uma melhora na qualidade de vida desse paciente”, diz a psiquiatra.
O acompanhamento realizado no ambulatório é permeado pelo treino das habilidades sociais, através de grupos terapêuticos com simulações realísticas. “Teremos um grupo fechado com as pessoas que têm mais disponibilidade de frequência e um grupo aberto para os novos pacientes. O atendimento psicológico também inclui intervenções individuais para aliviar ansiedade, tratar as questões existenciais, auxiliar na orientação vocacional, entre outras demandas que possam surgir durante o processo”, frisa Wesley.
Para ter acesso ao ambulatório de autismo para adultos é necessário ser maior de 18 anos, não ter recebido previamente o diagnóstico de autismo e ser encaminhado por algum serviço de saúde.
Crianças e adolescentes com autismo também são assistidos no HSM
Crianças e adolescentes também podem receber o diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) no HSM. O atendimento é realizado no Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) do HSM, que além de fornecer o diagnóstico, oferece acompanhamento ao paciente e orientação aos familiares.
O Naia cuida de cerca de 80 crianças e adolescentes, com idades entre quatro e 16 anos, diagnosticados com o transtorno. Em agosto de 2023, o serviço foi ampliado com a inauguração do Núcleo de Atenção ao TEA na Primeira Infância (Natep), ambulatório do Naia, criado com o objetivo de atender à grande demanda de crianças menores de seis anos com suspeita de autismo.
O acesso é via Central Estadual de Regulação, por meio das unidades básicas de saúde e de Centros de Atenção Psicossocial (Caps).