O Instituto Paraná Pesquisas trouxe novos contornos para o debate sucessório no Ceará. Segundo o levantamento, o atual governador Elmano de Freitas (PT) aparece com 42,8% das intenções de voto para a eleição de 2026, seguido por Roberto Cláudio (PDT), com 25,4%, e Eduardo Girão (Novo), com 15,2%.
A margem confortável de Elmano indica que, por enquanto, sua base mantém estabilidade diante das disputas políticas locais e nacionais. Já Roberto Cláudio segue como principal nome da oposição, mesmo após a fragilidade do PDT nas eleições municipais de 2024. Enquanto Eduardo Girão consolida um eleitorado mais à direita, que não necessariamente se identifica com o bolsonarismo puro.
No Senado é que começa a brincadeira. A mesma pesquisa aponta Cid Gomes (PSB), Eunício Oliveira (MDB) e Capitão Wagner (sem partido) como os nomes mais lembrados pelos eleitores. Os dados contrastam com a pesquisa do Instituto Opinião, divulgada em fevereiro, que indicava vantagem para Cid, José Guimarães (PT) e Júnior Mano (PSB).
A disputa por duas vagas torna o jogo ainda mais fragmentado, exigindo dos candidatos densidade eleitoral e capacidade de articulação em diversas frentes partidárias. Inclusive, isso é algo que Eunício e Cid vêm tentando retomar após ficarem afastados das articulações mais visíveis.
As últimas movimentações das lideranças cearenses ajuda a explicar algumas oscilações. O apoio declarado de Ciro Gomes a Alcides Fernandes (PL), pai do deputado estadual André Fernandes (PL), como possível candidato em Fortaleza, gerou desconforto interno no PDT, especialmente entre os mais jovens, que veem a aproximação com o bolsonarismo como uma ameaça à identidade do partido.
Ao mesmo tempo, Cid Gomes ensaia uma reaproximação com o irmão Ciro, após dois anos de divergências abertas. A união dos irmãos pode reorganizar o campo pedetista, mas ainda há incertezas sobre a força real da sigla em um cenário como esse.
Por enquanto, Elmano segue como favorito ao Governo, apoiado pela máquina estadual e pela aliança com Lula, enquanto o cenário ao Senado se mostra mais fluido, com vários nomes tentando se viabilizar. Os próximos meses devem ser decisivos, tanto para definição partidária quanto para medir o impacto das alianças e das disputas internas, especialmente em partidos historicamente protagonistas no estado, como o PDT, o PSB e o MDB.
Foto: Fabiane de Paula/SVM