A CAIXA Cultural Fortaleza apresenta, a partir deste sábado (24), a exposição Comigo Ninguém Pode – A pintura de Jeff Alan. A mostra apresenta através das telas personagens reais em suas expressões, trejeitos, traços e texturas retintas de negritudes em seu cotidiano pela ótica do artista pernambucano. A abertura acontece na sexta-feira (23), às 19h, com um vernissage que promete ser uma imersão única no universo criativo do artista. Já a visitação ocorre até 10 de novembro, com entrada gratuita. O projeto tem o patrocínio da CAIXA e do Governo Federal e a realização é da Fervo Projetos Culturais, com produção local da Encena Produções.
A exposição traz no próprio título a força da ancestralidade e do olhar que impulsiona a arte de Alan. Comigo Ninguém Pode é prova de que a planta mística que garante proteção e prosperidade em muitos lares brasileiros, é também a força que move e inspira quem caminha confiante e incansável no desejo de expandir conexões e de ampliar as possibilidades de existências negras.
A mostra apresenta 52 obras, incluindo dez inéditas e um painel. As obras – de diversas dimensões, em acrílica sobre tela e desenho sobre papel –, figuram o cotidiano e a cultura das ruas por onde transitam os personagens de Jeff. As pessoas pintadas por ele fazem parte do seu dia a dia. Gente, geralmente, conhecida.
Com curadoria de Bruno Albertim, a mostra chega a Fortaleza depois de passar por Recife, Salvador e Rio de Janeiro, com visitação total de mais de 95 mil pessoas. Albertim, ressalta que o trabalho de Jeff resgata as narrativas e os rostos ancestrais dos que foram dizimados da história. Dos que choraram a dor de rupturas familiares, de extermínio, de escravização de seus corpos. Na percepção do curador, o artista reescreve a saudade permanente e sem rostos, cuja face sumiu da história. “Jeff Alan preenche os espaços em perverso branco da história. Sua potente narrativa visual, preenche fraturas da memória coletiva e projeta a cura de antigas feridas”, afirma Bruno.
Jeff Alan traz para Fortaleza uma exposição carregada de significado e pertencimento. A exposição é uma manifestação artística que visa dar visibilidade às histórias e rostos de moradores de sua comunidade. “Minha arte nasce da necessidade de ver representados, nos equipamentos de cultura, os rostos e histórias do meu bairro. Quero que as pessoas se vejam nas minhas obras. Cada retrato, cada cor, cada detalhe é um reflexo da minha vida, da minha família e da comunidade que amo”, explica.
“Eu não ando só”, obra inédita em andamento (Foto: Divulgação)
As obras da exposição possuem placas em braile e audiodescrição. Também contará com um mural efêmero, que será apagado ao término da mostra, uma provocação sobre a natureza transitória da arte urbana e a discussão sobre o grafite dentro do museu.