O Ceará registrou um aumento de 79% no número de microempreendedores individuais nascidos em outros países nos últimos quatro anos, de acordo com o Sebrae. Em 2019, o estado registrou 551 MEIs, já em 2023, o número subiu para 989. No Brasil, o número total de microempreendedores estrangeiros é de 76,8 mil.
Enquanto no Brasil sete dos dez países com mais estrangeiros empreendedores são da América do Sul, no Ceará o cenário é outro, isso porque o estado apresenta uma divisão mais equilibrada, tendo maior parte dos seus MEIs estrangeiros oriundos da Venezuela, Argentina, Colômbia, Guiné, Senegal, Itália e Portugal.
Contadora e diretora geral do Grupo Controller, Solange Marinho elenca alguns dos motivos para a crescente nos números. “O crescimento do número de empreendedores nascidos em outros países reflete uma mudança no mercado e no cenário empreendedor. Esse fenômeno pode ser atribuído a alguns fatores, como a busca por novas oportunidades econômicas, a estabilidade relativa no mercado brasileiro, além do ambiente empreendedor favorável, proporcionado para a categoria dos MEI”, explica.
No entanto, apesar do crescimento, Solange também alerta para os desafios encontrados pela classe para se firmar no mercado brasileiro. “Mesmo que esse número esteja em crescente, precisamos observar que a burocracia da documentação, como a obtenção de um CPF e o visto de residência, por exemplo, podem ser fatores dificultadores para a permanência desses MEI. Além disso, a barreira linguística pode ser um desses fatores, já que para navegar nesse ambiente burocrático é fundamental a fluência no idioma, até mesmo para se comunicar com fornecedores e clientes, bem como compreender as obrigações fiscais e legais”, alerta a especialista.
Solange Marinho ainda destaca que a inserção de estrangeiros no mercado brasileiro é um sinal positivo, favorecendo a diversificação econômica e o intercâmbio cultural, mas também defende que os mesmos recebam o máximo de suporte para enfrentar os desafios dos MEI no país.