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A persistência preocupante da violência doméstica no Brasil exige uma análise aprofundada, especialmente quando casos notórios, como o da apresentadora Ana Hickmann, jogam luz sobre a complexidade dessa problemática. Daniela Mucilo, renomada professora do Damásio e advogada especializada em Direito de Família, apresenta uma visão especializada sobre os impactos dessa violência no seio familiar, considerando nuances específicas do caso em questão.
Mucilo destaca que a violência doméstica vai além da vítima direta, deixando cicatrizes profundas nas relações familiares. No contexto do caso Ana Hickmann, a especialista ressalta a importância de compreender como a violência pode atingir não apenas cônjuges, mas também filhos e parentes distantes. A análise detalhada da dinâmica familiar envolvida no caso enfatiza a necessidade de um olhar cuidadoso sobre as ramificações dessa problemática.
A especialista argumenta que o silêncio em torno da violência doméstica, um obstáculo significativo para sua erradicação, torna-se ainda mais complexo quando personalidades públicas estão envolvidas. Nesse contexto, Mucilo conclama a sociedade a quebrar o tabu em torno do tema, promovendo uma conscientização mais profunda e diálogo aberto sobre os desafios enfrentados por aqueles que sofrem violência doméstica.
Ações Práticas para Enfrentar a Violência Doméstica em Casos Semelhantes: Diante da complexidade do desafio, Daniela Mucilo oferece orientações práticas, especialmente relevantes para casos como o de Ana Hickmann, onde a exposição pública pode gerar desafios adicionais. A professora destaca a importância de buscar ajuda profissional, seja jurídica, psicológica ou social, e enfatiza que a denúncia é crucial para interromper o ciclo de abuso, mesmo quando figuras públicas estão envolvidas.
“É fundamental compreender que ninguém está sozinho nessa jornada, e recursos legais e apoio especializado estão disponíveis para ajudar as vítimas a romperem com a violência doméstica e reconstruírem suas vidas,” afirma Mucilo.
Os impactos na saúde mental
Segundo Patrícia Oliveira Lima, Psicóloga e Professora do curso de Psicologia da Wyden, a violência doméstica, especialmente praticada por um parceiro íntimo, pode desencadear uma gama de impactos psicológicos variados em intensidade e duração, dependendo de vários elementos, como a natureza, a duração, a percepção da violência sofrida, além do tempo de convívio no relacionamento e a compreensão e identificação da violência, entre outros fatores.
“As vítimas podem manifestar sintomas ansiosos que podem evoluir para casos de estresse pós-traumático, envolvendo flashbacks, pesadelos e outras manifestações desencadeadas por gatilhos específicos. Além disso, é comum que enfrentem problemas relacionados à autoestima e confiança pessoal, uma vez que a característica da violência por parceiro íntimo impacta frequentemente a imagem e o círculo social da vítima, levando ao seu isolamento”, explica a profissional.
A exposição prolongada à violência também pode resultar em sintomas depressivos persistentes, mesmo após a interrupção do comportamento violento. Para amenizar os danos à saúde mental, a psicóloga destaca a existência de diversas abordagens terapêuticas que podem auxiliar as vítimas de violência por parceiros íntimos, desde grupos de apoio até a psicoterapia convencional.
“É crucial que a vítima se sinta ouvida e acolhida, sem julgamentos ou questionamentos inadequados sobre a violência sofrida. É fundamental proporcionar um ambiente seguro para expressão emocional e para a manifestação de quaisquer sentimentos ambivalentes que possam surgir. Aqueles que acompanham essas vítimas devem adotar uma postura que valida a experiência delas, auxiliando no manejo do estresse, na permanência da autoestima e na exploração de outras formas saudáveis de se relacionar”, conclui Patrícia.